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A taça é profana, o vinho Divino.






segunda-feira, 28 de novembro de 2016

ÀGUA MINHA LINDA



Drogas - Essa conversa ainda faz sentido?
Usar drogas não é uma questão de livre arbítrio. Legais ou não, nos dias de hoje elas estão ao alcance de qualquer um. Mais fáceis do que muitos remédios vendidos em farmácias. A diferença, neste caso é uma só: controle de qualidade. como saber o que se está comprando?
A situação é mais séria do que parece. São milhares de pessoas, consumidores eventuais, correndo risco de vida. Muito se fala sobre o ecstasy, a droga que mais se populariza no Brasil e no mundo, mas nunca o discurso maniqueísta é posto de lado a fim de esclarecer a pergunta básica:
Em alguns países, existem fortes esquemas de informação aos os usuários, várias pílulas são regularmente testadas e os resultados divulgados. No Brasil entretanto, uma mistura de hipocrisia e moralismo impede a difusão de dados detalhados. "Não use drogas." é o que dizem as campanhas, sem procurar subsídios para que usuários recreativos tenham um mínimo de segurança. Governo e organizações governamentais lavam suas mãos e deixam a cargo de cada um buscar as informações necessárias.

Teoricamente, uma pastilha de ecstasy deveria ser composta de MDMA (3,4-metilenodióxido-N-Metilanfetamina). No entanto o que se vê na prática são várias pílulas, vendidas como ecstasy, com adição de uma série de outras substâncias como anfetamina (regularmente usadas) ou LSD(raramente) são bem conhecidas. No entanto, também são encontradas drogas menos populares como efedrina (que produz efeitos similares ao do MDMA, como taquicardia e gargantam seca) ou ketamina.

Apesar disso, não são essas as substâncias mais perigosas que podem ser encontradas misturadas à droga. Atropina, substância ativa de um remédio controlado, e bastante perigosa se superdosada, foi encontrada em certas apreenções de ecstasy na Europa; assim como o 4-MTA, componente suspeito por várias mortes na Holanda e nos EUA. DMX também vem sendo vendido como ecstasy. Isolado, é uma substância menos nociva, porém misturado ao MDMA, se torna bastante perigoso.

Uma outra substância o PMA (para-metoxianfetamina), também vendida como ecstasy, tem sido culpada por mortes na Europa, austrália e EUA. PMA parece com um ecstasy fraco, quando em pequenas doses, demora cerca de meia hora a mais para fazer efeito e então produz uma pequena euforia e efeitos estimulantes. Porém em doses maiores, causa um dramático aumento de temperatura, pressão sanguínea e batimentos cardíacos, potencialmente podendo levar a convulções, coma e morte.

Até mesmo estricnina, usada em veneno para ratos, foi encontrada em certas pílulas, recentemente na Holanda. Cada uma continha 8mg da substância. Especialistas estimam que a dose fatal para seres humanos esteja entre 5mg e 20mg. Vale a pena correr o risco?

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Negros não são descendentes de escravos


A Questão Racial
O objetivo deste texto é desmascarar a secular tradição que insiste em afirmar que os negros brasileiros e americanos são descendentes de escravos. Tal costumeira afirmativa não é verdadeira. É apenas um pérfido jogo de palavras ideológico.

Por * J.R.Sant´Ana Do Guia Rio Claro.

Ela é mantida apenas pelo interesse político em utilizar os segmentos afrodescendentes como massa de manobra servil, quer como mão de obra, quer como contribuintes alienados ou curral eleitoral.

Detalhe fundamental. Este crime simbólico tem raízes profundas. Sua origem está no medo que os brancos tiveram dos negros por muito tempo. Isto porque em pontos chaves do país a população negra chegou a ser maior que a de brancos. A preocupação com a segurançanacional só foi resolvida com os investimentos oficiais na imigração branca. Daí, os negros se tornaram minoria. Vestígios do antigo medo, no entanto, sobrevivem no imaginário.

Vamos aos fatos relativos ao assunto deste texto. É preciso ser pedagógico para confrontar toda a manipulação que empesteia livros didáticos, teses acadêmicas e a mentalidade geral.

Você já viu algum judeu dizer que, ele judeu, é descendente de escravo? É óbvio que não. Agora, você já viu algum brasileiro dizer que os negros são descendentes de escravos? Sim. Todos dizem isso.

Pois bem, então faça a comparação e se pergunte pelo motivo da diferença. Os judeus foram utilizados como escravos no Egito por 430 anos. Sem contar outros 70 anos de confinamento na Babilônia. Só que os judeus se identificam como pessoas originárias de um povo livre, anterior à escravidão.

Tal referência foi extraída dos afrodescendentes nas Américas. Por isso, nós brasileiros, aceitamos com naturalidade a tradição de limitar a identidade dos negros como descendentes de escravos. Ninguém se preocupa com a evidência, também óbvia, de que eles eram originalmente livres na África. A preferência é estigmatizá-los como descendentes de escravos. Este é um reducionismo ideológico contra o humanismo.

Todo o pensamento que podemos ter sobre afrodescendentes ficou limitado à fronteira do navio negreiro para cá. Época da humilhação e da miséria. Ninguém fala do antes.

Trata-se de uma imposição cultural para inviabilizar a possibilidade de pensar o negro original como livre, independente, guerreiro, em estado de natureza, ou, principalmente, com civilização própria e sustentável.

À cultura comum tornou-se inviável pensar a civilização de Cartago, com Aníbal, ou qualquer dinastia egípcia negra. No que devem ser incluídos os guerreiros muçulmanos do século VII, negros conquistadores.

Daí a pergunta: dá para perceber nisso a intenção de apagar a ancestralidade guerreira dos negros? Cartago, muçulmanos, guerreiros? Nem pensar.

Por isso tudo foi eliminada a possibilidade de compreender a negritude como originária de pessoas livres que, em determinado momento, foram utilizadas como escravos.

A escravidão no Brasil durou 300 anos. Tempo bem menor que os 500 anos dos judeus no Egito. Então, porque os judeus não se dizem descendentes de escravos enquanto nossa cultura repisa o estigma ao testemunhar que negros americanos são descendentes de escravos? Para quem entende o termo, isto é pura ideologia, é mentira em forma de verdade aparente.

A quem se apressar a refutar a comparação entre uma escravidão e outra, cabe ressaltar que, apesar da distância no tempo, sabemos muito mais sobre a escravidão dos judeus do que da escravidão no Brasil. Não obstante a primeira datar de 3500 anos e a nossa de 125 anos.

E coloco no ar uma suspeita. Há por aí uma movimentação de “levar a cultura negra às escolas”. Não vi, não sei. Parece algo como um programa pedagógico de alegada disposição por democracia racial que inclui elementos do assunto em escolas públicas.

Daí, me pergunto. O que será que irão fazer com isso? Ainda não sei. Mas suspeito, reservadamente, que farão o de sempre. Inocular o veneno da tradição na mente das crianças dizendo que os negros são descendentes de escravos e nelas incutir o sentimento de inferioridade e ressentimento. O que a máquina do Estado poderia oferecer às escolas sobre a liberdade original dos povos africanos se nem os historiadores brasileiros têm informações a respeito? Gostaria muito de saber que minhas suspeitas são infundadas, mas até prova em contrário as mantenho. Infelizmente.

Diante de tais argumentos, considero nossa historiografia tradicional tão canalha quanto vagabunda. Primeiro, por desprezar o espírito de liberdade que deve nortear o humanismo. Os historiadores não poderiam compactuar com o objetivo reducionista de identificar uma etnia por um momento de 300 anos por ela vivido. A história da negritude atravessa milhares de anos. Porque escolher exatamente o pior para exibir nas salas de aula como identidade permanente de um povo? Em segundo, é vagabunda porque a historiografia nativa vive de repetir o que encontrou pronto, não vai além do que recebe forjado, como a afirmação de que os negros são descendentes de escravos.

Mas nem tudo é estupidez. Pela primeira vez em Rio Claro, algo provavelmente incomum em muitas partes do país, tem-se uma mostra cultural que renega a exploração da cultura negra como pobreza, miséria e escravidão.

É a exposição “Ogum”, sobre raízes africanas, aberta no Shopping Center Rio Claro. Ali se vê material simples, artesanatos, roupas e demais peças, mas suficiente como mostra da estética africana pré-escravidão. Uma beleza. Já não era sem tempo. Sinal que se aproxima a hora em que se dará um fim na canalhice de identificar a alma das pessoas por momentos da história. Os negros, pois, são descendentes da liberdade.



* Jornalista, pedagogo e pesquisador, se dedica a recuperar histórias cujos personagens são cidadãos fazedores da história de Rio Claro.

Fonte: http://www.geledes.org.br/geledes/quem-somos/#gs.CRH6WLo